Biografia do saudoso Sr. José Martiniano Netto
- Dalvany Divina da Silva
- 24 de out. de 2020
- 3 min de leitura
"José Martiniano Netto nasceu em Cana Verde/MG, em 22 de Junho de 1935, filho de Evaristo de Andrade e Ricardina Anna Garcia. Ficou órfão de pai aos oito meses de idade. Teve uma infância feliz porque nascera sadio, um presente que recebera de Deus. Como vivia na Zona Rural, na casa de um irmão que acolhera a família, brincava com boizinho de sabugo, carrinho de caco de cuia, vaquinha de abóbora; pegava passarinho, curtia o lugar bucólico. Aos treze anos foi morar com um casal de tios, numa fazenda de porte médio. Ali tirava leite, fazia queijo, foi carreiro, roçava pasto, arava a terra. Com o segundo casamento de sua mãe deixaram a roça e mudaram para a cidade de Campo Belo/MG, lá encontrando outros costumes, outros tipos de trabalho. Trabalhou certo tempo na Prefeitura daquela cidade e logo foi prestar seu labor na Cerâmica São Judas Tadeu.
Naquela cidade conheceu o Sr.Chico Pedroso, deficiente visual que vivia dos donativos que recebia em suas andanças pela cidade, guiado por um menino. Certa vez o menino adoeceu e Martiniano passou a guiar aquele senhor por dois sábados seguidos. Passado algum tempo fez uma reflexão e viu que aquele gesto acabou com o restinho de orgulho que possuía. Em 1954, acometido por uma doença renal foi aconselhado a ir a São Paulo fazer um tratamento. Submeteu-se a uma intervenção cirúrgica e teve seu rim direito extirpado. Pela fé e pelo tratamento despendido, recuperou-se rapidamente e retornou à Minas Gerais. Ao retornar, quis o destino que ele retornasse para a roça. Foi morar no local conhecido como Murembá, na época município de Perdões/MG. Embora não alfabetizado notou a falta de um escola naquele lugar. José Martiniano procurou o Prefeito de Perdões para relatar que as crianças não estudavam por falta de uma escola e, se assim quisessem, tinham que se deslocar a grandes distâncias. Colocaram muitas dificuldades. Martiniano persistia e insistia com todos para a edificação de uma escola naquele lugar. Finalmente, seu cunhado doou um terreno e ele assumiu a responsabilidade de construí-la. Tudo foi feito com muito amor. Recebeu o nome de Escola Rural Caminho da Luz. Plantou ali a boa semente para que as crianças fossem alfabetizadas, isto no ano de 1955, tendo sido matriculadas 85 crianças. Para ensiná-las foi nomeada uma professora muito competente. À noite Martiniano, que fora alfabetizado já maduro, lecionava para adultos. A felicidade passou a ali morar. Ficou naquele povoado por dez anos. Foi um tempo de muita luta, muito trabalho, mas também de grandes alegrias e conseguiu fazer grandes, sólidas e duradouras amizades.
Em 1965 vieram morar em Lavras/MG. Aqui, Martiniano foi trabalhar na Metalúrgica Matarazzo S/A. Permaneceu naquela indústria longos 15 anos. Por desenvolver com capacidade e devoção suas atividades foi homenageado, no dia 1º de maio de 1974, como Operário Padrão, com uma medalha de Honra ao Mérito, juntamente com outros funcionários de outras empresas. Trabalhou ainda seis anos na Mangels Minas Industrial S/A em Três Corações/MG, e 14 anos completos na Bobinadora Lavrense onde se aposentou. Recebeu pelos serviços prestados à comunidade lavrense, o Título de Cidadão Lavrense, na data de 08/11/1980 da parte da Câmara Municipal de Lavras.
Casou-se em 05 de setembro de 1970, com Maria Zélia Ferreira, mulher escolhida para ser seu braço direito e companheira por toda a vida. A filha Ricardina Zélia Martiniano é fruto desse amor e motivação de múltiplas conquistas.
José Martiniano tornou-se espírita em 1971. "Encontrei na Doutrina Espírita um roteiro iluminativo, um marco renovador no meu caminho. O Espiritismo codificador por Allan Kardec é a nossa escola, nossa oficina, nosso hospital, nosso santuário e também nosso lar. Jesus é nosso mestre, nosso guia e nosso modelo." - afirmava com sinceridade e convicção. A humildade era sua característica marcante, que estava estampada no seu rosto, no seu jeito de ser, de falar e agir e no seu modo de servir. Martiniano foi um dos fundadores do Lar Esperança e Vida Mateus Loureiro Ticle, apoiando a iniciativa de Dalvany Divina da Silva, dirigente do grupo espírita que ambos participavam, onde surgiu a ideia de uma instituição para auxiliar pacientes com câncer de Lavras/MG e região. Martiniano foi verdadeiro espírita e verdadeiro cristão. Faleceu em 04 de outubro de 2009. Seu velório no Lar e Vida foi muito concorrido. Deixou saudades em todos. " - Escrito por Dalvany Divina Silva
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